INSTITUTO ENCERRARÁ PROGRAMA DE “TORTURA DE MACACOS” NA ALEMANHA
Após imagens de macacos do Instituto Max Planck (Tübingen) sendo mentalmente exauridos, com sangramento na cabeça, virem à tona, o mundialmente renomado centro de pesquisa anunciou, no domingo, que encerrará o programa de pesquisas com primatas.
Tradução de Ana Lidia
Quando um vídeo gravado em celular, que retrata as perturbadoras imagens de macacos com implantes nos crânios sangrando ou confinados veio à tona, imediatamente, gerou polêmica em toda Alemanha.
Ativistas dos direitos dos animais acusaram os cientistas do centro de torturem os macacos deliberadamente.
Em janeiro, investigadores públicos investigaram as instalações do centro, sob a suspeita de violação à legislação referente à proteção dos animais.
O centro de pesquisa, vigorosamente, refutou as acusações de tortura, dizendo que os vídeos tinham sido tirados do contexto.
Desde que o vídeo veio a público há alguns meses, os pesquisadores do centro começaram a receber ameaça de morte, conforme crescia o fervor público.
As ameaças e reclamações levaram o diretor do Programa biocibernético do Instituto, Nikos Logothetis, a encerrar o programa de primatas, dizendo que focaria os experimentos exclusivamente nos roedores.
Porém, o processo de encerramento dos experimentos com primatas não acontecerá do dia para noite.
“Levará de 2 a três anos até os atuais experimentos sejam concluídos”, disse Boris Palmer, prefeito de Tübingen.
Palmer, do Partido Verde, disse que estava desapontado com a decisão do Centro de Pesquisas. “Os experimentos de que Logothetis cuida estão na vanguarda da pesquisa global”, disse ele, acrescentando que a decisão foi um “sério revés para a pesquisa”.
O Instituto Max Planck, contudo, anunciou que pretende continuar as pesquisas com primatas em outros campos e centros.
“Este é o único meio de desenvolver tratamentos para doenças neuro-cerebrais como Alzheimer e Parkinson, bem como doenças psiquiátricas como a esquizofrenia”, dizia um comunicado do centro.
“Porém, a crescente demonização do nosso trabalho e o grande número de e-mails de ameaça e insultos nos últimos meses têm sido um grande fardo para todos os envolvidos.”
Por outro lado, a diretora do Departamento de Bem-Estar dos Animais de Baden-Württenberg, Cornelia Jäger, ficou contente com a notícia.
“É óbvio que eu me pergunto quais as consequências que esta decisão poderia ter sobre outros programas de pesquisas que utilizam experimentos muito similares,” disse ela.
“Se tão conceituado cientista como Logothetis considera desnecessários estes tipos de experimentos, daí surge a questão se experimentos similares são realmente necessários.”
A pesquisa em animais deve ser o último recurso, disse Jäger.
“Em minha opinião, nós chegamos a um ponto em que os pesquisadores, frequentemente, recorrem a experimentos com macacos para testar novos métodos de pesquisa.”