sábado, 9 de maio de 2015

CAMPINAS SÃO PAULO, PORQUE ISSO?

ATIVISTAS APONTAM FALTA DE RESPALDO POLICIAL A AÇÕES EM CAMPINAS, SP

Por Thomaz Fernandes
sp campinas toto1Vira-lata Totó foi resgatado com um arame de varal no pescoço que causou cortes de três centímetros de profundidade (Divulgação)
Responsáveis pela maioria dos resgates em casos de maus-tratos de animais, militantes da causa animal, membros de associações e ONGs (Organizações Não-Governamentais) da RMC (Região Metropolitana de Campinas) afirmaram ter dificuldades para obter o apoio policial nesse tipo de ocorrência e relatam a necessidade de um departamento dedicado somente à questão dos animais.
O modelo chegou a funcionar por quatro anos em Campinas. Tratava-se do Sepama (Setor de Proteção dos Animais e do Meio Ambiente), conhecido como Delegacia dos Direito dos Animais. O órgão, no entanto, foi fechado sob alegação de falta de equipe e não tem previsão para ser reaberto (leia texto abaixo).
O vice-presidente do CMPDA (Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais), Flávio Lamas, disse que a falta de investigações e soluções para casos envolvendo animais, como desaparecimentos e agressões, por exemplo, desacredita a população a fazer denúncias ou registrar reclamações.
Lamas disse que raramente há presença de força policial em resgates de maus-tratos, o que torna a missão muitas vezes arriscada.
"Em muitos casos, nós (instituições de defesa dos animais) fingimos que somos autoridades para conseguirmos retirar o animal de situações mais graves", disse Lamas.
Cláudia Carli, da ONG Amor de Bicho Não tem Preço, afirmou que há, nas delegacias "comuns", preconceito no registro de casos envolvendo animais.
"Ainda tem delegado que se recusa a registrar casos envolvendo animais. Há outras situações em que os casos são deixados de lado para a solução de outros crimes", disse.
Tanto Cláudia quanto Lamas relataram que no período em que o Sepama funcionou, entre 2010 e 2013, as questões tinham maior agilidade e permitiam um aprofundamento maior dos casos levados ao departamento, mesmo que ele tivesse uma equipe de somente quatro pessoas.
RESGATE
Em Americana, a dona de casa Adriana de Carvalho Cogo, 47, participou do resgate do vira-lata Totó, que estava amarrado por um arame de varal e tinha cortes de três centímetros de profundidade em volta do pescoço, no Parque Gramado, em Americana, na semana passada.
Como sempre faz, ela foi acompanhada de uma veterinária e de um homem que pudesse garantir a segurança em caso de reação violenta à abordagem.
Adriana contou que nunca teve apoio policial em suas incursões quase diárias a todos os tipos de bairro.
"Sempre levamos algum homem para evitar agressões e garantir alguma segurança. Se for esperar a polícia para cada caso demora muito", lamentou a dona de casa.