ESTUDO DESCOBRE QUE O OCEANO ESTÁ À BEIRA DE UMA EXTINÇÃO EM MASSA
De acordo com uma análise inovadora de dados de centenas de fontes, os seres humanos estão na iminência de causar danos sem precedentes para os oceanos e os animais que vivem neles.
"Podemos estar sentados em um precipício de um grande evento de extinção", disse Douglas J. McCauley, ecologista da Universidade da Califórnia em Santa Barbara (EUA), um dos autores da nova pesquisa.
A boa notícia é que ainda há tempo para evitar uma catástrofe. Em comparação com os continentes, os oceanos estão em sua maior parte intactos e selvagens o suficiente para recuperar sua saúde ecológica.
O quadro perigoso
O quadro perigoso
Estudos científicos sobre a saúde dos oceanos são muito sujeitos a incertezas. É mais difícil para os pesquisadores julgar o bem-estar de uma espécie que vive debaixo d'água, milhares de quilômetros de distância, do que acompanhar a saúde de uma espécie em terra.
Além disso, as poucas mudanças que os cientistas observam, em especial nos ecossistemas oceânicos, podem não refletir as tendências em todo o planeta.
Dessa forma, para criar uma imagem mais clara da saúde dos oceanos, a nova pesquisa reuniu dados a partir de uma enorme variedade de fontes, de descobertas fósseis a estatísticas de transporte de contêineres modernos, capturas de peixe e mineração dos fundos marinhos.
Enquanto muitas das informações já existiam, nunca tinham sido justapostas desse modo.
Como resultado, os cientistas concluíram que há sinais claros de que os seres humanos estão prejudicando os oceanos em um grau notável. Algumas espécies estão sendo mais exploradas que outras, mas os maiores danos ainda vêm de perda de habitat em larga escala.
Os recifes de corais, por exemplo, diminuíram em 40% em todo o mundo, em parte como resultado do aquecimento do clima causado pelo homem.
Alguns peixes estão migrando para águas mais frias, mas espécies menos afortunadas podem não ser capazes de encontrar novos lares. Ao mesmo tempo, as emissões de carbono estão alterando a química da água do mar, tornando-a mais ácida, o que também pode prejudicar os animais marinhos.
As operações de mineração é mais um fator que está transformando o oceano. Os contratos de mineração dos fundos marinhos cobrem milhares de quilômetros quadrados debaixo d'água, destruindo ecossistemas únicos e introduzindo poluição no mar profundo.
Apenas por enquanto
Até agora, os mares tinham sido, em grande parte, poupados da carnificina vista em espécies terrestres.
O registro fóssil indica que um grande número de espécies animais extinguiram-se quando os seres humanos chegaram em continentes e ilhas. Por exemplo, o moa, um pássaro gigante que viveu na Nova Zelândia, foi dizimado na chegada dos polinésios a região em 1300, provavelmente dentro de um século.
Depois de 1800, com a Revolução Industrial, as extinções em terra só aceleraram. Passamos a alterar o habitat dos animais selvagens, detonando florestas, arando pradarias e estabelecendo estradas e ferrovias em todos os continentes.
Ao longo dos últimos cinco séculos, os pesquisadores registraram 514 extinções de animais terrestres. No entanto, extinções documentadas no oceano são muito mais raras.
Antes de 1500, algumas espécies de aves marinhas são conhecidas por terem desaparecido. Desde então, os cientistas documentaram apenas 15 extinções, incluindo a foca-monge do Caribe e a vaca-marinha-de-steller.
Provavelmente estes números são subestimados.
Fundamentalmente, somos predadores terrestres, segundo o Dr. McCauley. Mas isso não significa que o mar esteja a salvo. Muitas espécies marinhas que se tornaram extintas ou ameaçadas dependem da terra – como aves marinhas que nidificam nas falésias, tartarugas que põem ovos nas praias etc.
Ainda assim, há tempo para os seres humanos pararem esse dano. O Dr. McCauley e seus colegas argumentam que limitar a industrialização dos oceanos em algumas regiões poderia permitir que espécies ameaçadas se recuperassem em outras.
Os cientistas também acham que reservas têm de ser concebidas com a mudança climática em mente, de modo que as espécies escapem de altas temperaturas e acidez.
Por fim, a desaceleração das extinções nos oceanos precisa de grandes cortes nas emissões de carbono, também. Coisa que o homem não tem conseguindo fazer e nem parece estar se esforçando para tentar.